A
essência de um jardim ou de uma horta é a qualidade de seu solo. Não importa
seu tamanho, local de implantação ou finalidade, tanto faz que seja um pequeno
vaso com um tempero plantado em um apartamento ou em uma grande plantação
comercial. O que vai fazer a diferença é a qualidade de seu solo. E este é um
dos grandes prazeres da jardinagem/horticultura: preparar o solo. Gosto muito
do prazer de pegar um solo estéril, sem vida, e transformá-lo em solo fértil,
rico em vida, através da incorporação de matéria orgânica de origem vegetal
somente, especialmente a serapilheira (camada superficial de solo de florestas
e bosques), nela estão contidos diversos macro e microrganismos que favorecem a
decomposição da matéria orgânica, fazendo com que esta se transforme em
minerais, absorvidos pelas plantas como seus nutrientes.
Acredito
que um dos fatores mais importantes, especialmente para plantios domésticos
(ervas, verduras, temperos), é a pureza do solo. Mesmo em escala comercial, sua
pureza é essencial para a qualidade do alimento que consumimos. Ele deve estar
livre de patogênicos e para isso é inadequado o uso de estercos de qualquer
natureza. Um solo de excelente qualidade pode ser produzido apenas com restos
vegetais, de diferentes modos e em diversas escalas, tanto em um pequeno
apartamento quanto em uma casa, sítio ou fazenda.
Para
se ter um solo de qualidade, com riqueza de nutrientes é necessário realizar um
processo denominado compostagem, este processo é muito simples, na verdade é a
reprodução do processo natural de decomposição de restos vegetais. Pense
naquela folha caindo de uma árvore e pousando ao solo, com a ação do tempo, do
ar, da chuva e dos macro e microrganismos ela irá se decompor, transformando-se
em nutrientes para as plantas, possivelmente até para a própria planta ou
árvore de onde ela saiu. Assim é a compostagem.
O processo
de compostagem será sempre o mesmo, não importa a escala, apenas você terá mais
ou menos composto pronto em função de seu espaço disponível. O processo é bem
simples e vou dividi-lo em duas formas possíveis, em recipientes ou em área
aberta:
Compostagem em recipientes de qualquer tamanho:
> Separe
um recipiente, que pode ser desde uma garrafa PET a até um tambor grande, caixa
d’água usada, baldes, etc... depende do material que houver disponível.
> Faça
um furo pequeno para o escorrimento do chorume na parte inferior do recipiente
e furos laterais para a aeração do material compostado.
> Coloque
uma camada de terra no recipiente de maneira que o fundo fique totalmente
preenchido com uma camada de aproximadamente três centímetros de terra.
> Junte
restos vegetais e de alimentos que não contenham sal (não servem os restos dos
pratos após as refeições e nem carnes de nenhuma espécie), podem ser utilizadas
(cascas de frutas, borra de café, restos de verduras, folhas de árvores e
plantas). Este material deve ser picado ou triturado, quanto menor for o seu
tamanho mais rápido e melhor será o processo de compostagem.
O
material, após compostado,
deverá ficar com a aparência da terra da imagem acima, Na imagem ao lado
demonstro como é possível se fazer compostagem até mesmo em garrafas PET, com a
coleta do chorume. Importante ressaltar que este chorume pode e dever ser
aproveitado para fertilização do solo, entretanto, aconselho diluir este
líquido em uma proporção de 1 para 10 em água. Enfatizo que é extremamente
importante que os resíduos utilizados na compostagem em recipientes sejam
cortados ou triturados no menor tamanho possível, garantindo a rapidez do
processo e a qualidade do composto.
Após
estar pronto, este composto (com terra já incorporada) pode ser utilizado para
plantar diretamente nele, ou para ser misturado com outras terras, aumentando
seu volume, ou ainda ser incorporado em terras já utilizadas, melhorando sua
fertilidade e condições físicas e biológicas.
Compostagem em áreas abertas:
> O
processo é bastante semelhante ao anterior. Junte restos vegetais e de
alimentos que não contenham sal (não servem os restos dos pratos após as
refeições e nem carnes de nenhuma espécie), podem ser utilizadas (cascas de
frutas, borra de café, restos de verduras, folhas de árvores e plantas). Em
casas, sítios e fazendas o volume é maior, especialmente restos de capina e
folhas de árvores. Este material deve ser picado ou triturado, quanto menor for
o seu tamanho mais rápido e melhor será o processo de compostagem.
> Quando
há espaço, são diversas as possibilidades de se processar a compostagem
(grandes cercados de madeira ou tela fina, box de alvenaria, sem contenção
lateral, em buracos, etc...), o importante é que o processo deve ser o mesmo,
alternando-se camadas de terra, com restos vegetais; em áreas abertas, com
grande disponibilidade de folhas secas, capim seco e todo resto vegetal
castanho (rico em carbono), pode-se proceder à compostagem sem terra nas
camadas, utilizando-se as folhas secas no lugar da camada de terra, só que em
maiores proporções.
> Coloque
uma camada de folhas secas de aproximadamente 0,4 metro e por cima uma camada
de aproximadamente 15 cm de folhas verdes e restos frescos de vegetais. Podem
ser sobrepostas apenas três camadas completas (material seco + material fresco)
de maneira que a pilha fique com no máximo aproximadamente 1,65 metro de altura
x 1,5 metro de largura x 10 metros de comprimento. Observa-se que estas são as
dimensões máximas para cada pilha de compostagem, podendo ser menores em função
da disponibilidade dos materiais ou ser mais de uma pilha quando houver
material em abundância.
> Umedeça
levemente cada camada e após a montagem total das camadas umedeça levemente o
material a cada semana no primeiro mês e a cada quinze dias nos dois meses
seguintes, quando deverá estar pronto o composto.
> O
ideal é que o material seja revirado ou remexido a cada quinze dias para a
aeração do composto.
> É
importante que o local seja sombreado e livre da chuva.