2 de abr. de 2018

HORTA E JARDIM: COMO PRODUZIR SOLO DE QUALIDADE / COMPOSTAGEM

A essência de um jardim ou de uma horta é a qualidade de seu solo. Não importa seu tamanho, local de implantação ou finalidade, tanto faz que seja um pequeno vaso com um tempero plantado em um apartamento ou em uma grande plantação comercial. O que vai fazer a diferença é a qualidade de seu solo. E este é um dos grandes prazeres da jardinagem/horticultura: preparar o solo. Gosto muito do prazer de pegar um solo estéril, sem vida, e transformá-lo em solo fértil, rico em vida, através da incorporação de matéria orgânica de origem vegetal somente, especialmente a serapilheira (camada superficial de solo de florestas e bosques), nela estão contidos diversos macro e microrganismos que favorecem a decomposição da matéria orgânica, fazendo com que esta se transforme em minerais, absorvidos pelas plantas como seus nutrientes.

Acredito que um dos fatores mais importantes, especialmente para plantios domésticos (ervas, verduras, temperos), é a pureza do solo. Mesmo em escala comercial, sua pureza é essencial para a qualidade do alimento que consumimos. Ele deve estar livre de patogênicos e para isso é inadequado o uso de estercos de qualquer natureza. Um solo de excelente qualidade pode ser produzido apenas com restos vegetais, de diferentes modos e em diversas escalas, tanto em um pequeno apartamento quanto em uma casa, sítio ou fazenda.
Para se ter um solo de qualidade, com riqueza de nutrientes é necessário realizar um processo denominado compostagem, este processo é muito simples, na verdade é a reprodução do processo natural de decomposição de restos vegetais. Pense naquela folha caindo de uma árvore e pousando ao solo, com a ação do tempo, do ar, da chuva e dos macro e microrganismos ela irá se decompor, transformando-se em nutrientes para as plantas, possivelmente até para a própria planta ou árvore de onde ela saiu. Assim é a compostagem. O processo de compostagem será sempre o mesmo, não importa a escala, apenas você terá mais ou menos composto pronto em função de seu espaço disponível. O processo é bem simples e vou dividi-lo em duas formas possíveis, em recipientes ou em área aberta:

Compostagem em recipientes de qualquer tamanho:

> Separe um recipiente, que pode ser desde uma garrafa PET a até um tambor grande, caixa d’água usada, baldes, etc... depende do material que houver disponível.


> Faça um furo pequeno para o escorrimento do chorume na parte inferior do recipiente e furos laterais para a aeração do material compostado.

> Coloque uma camada de terra no recipiente de maneira que o fundo fique totalmente preenchido com uma camada de aproximadamente três centímetros de terra.

> Junte restos vegetais e de alimentos que não contenham sal (não servem os restos dos pratos após as refeições e nem carnes de nenhuma espécie), podem ser utilizadas (cascas de frutas, borra de café, restos de verduras, folhas de árvores e plantas). Este material deve ser picado ou triturado, quanto menor for o seu tamanho mais rápido e melhor será o processo de compostagem.


O material, após compostado, deverá ficar com a aparência da terra da imagem acima, Na imagem ao lado demonstro como é possível se fazer compostagem até mesmo em garrafas PET, com a coleta do chorume. Importante ressaltar que este chorume pode e dever ser aproveitado para fertilização do solo, entretanto, aconselho diluir este líquido em uma proporção de 1 para 10 em água. Enfatizo que é extremamente importante que os resíduos utilizados na compostagem em recipientes sejam cortados ou triturados no menor tamanho possível, garantindo a rapidez do processo e a qualidade do composto.

Após estar pronto, este composto (com terra já incorporada) pode ser utilizado para plantar diretamente nele, ou para ser misturado com outras terras, aumentando seu volume, ou ainda ser incorporado em terras já utilizadas, melhorando sua fertilidade e condições físicas e biológicas.

Compostagem em áreas abertas:
> O processo é bastante semelhante ao anterior. Junte restos vegetais e de alimentos que não contenham sal (não servem os restos dos pratos após as refeições e nem carnes de nenhuma espécie), podem ser utilizadas (cascas de frutas, borra de café, restos de verduras, folhas de árvores e plantas). Em casas, sítios e fazendas o volume é maior, especialmente restos de capina e folhas de árvores. Este material deve ser picado ou triturado, quanto menor for o seu tamanho mais rápido e melhor será o processo de compostagem.
Quando há espaço, são diversas as possibilidades de se processar a compostagem (grandes cercados de madeira ou tela fina, box de alvenaria, sem contenção lateral, em buracos, etc...), o importante é que o processo deve ser o mesmo, alternando-se camadas de terra, com restos vegetais; em áreas abertas, com grande disponibilidade de folhas secas, capim seco e todo resto vegetal castanho (rico em carbono), pode-se proceder à compostagem sem terra nas camadas, utilizando-se as folhas secas no lugar da camada de terra, só que em maiores proporções.
Coloque uma camada de folhas secas de aproximadamente 0,4 metro e por cima uma camada de aproximadamente 15 cm de folhas verdes e restos frescos de vegetais. Podem ser sobrepostas apenas três camadas completas (material seco + material fresco) de maneira que a pilha fique com no máximo aproximadamente 1,65 metro de altura x 1,5 metro de largura x 10 metros de comprimento. Observa-se que estas são as dimensões máximas para cada pilha de compostagem, podendo ser menores em função da disponibilidade dos materiais ou ser mais de uma pilha quando houver material em abundância.
Umedeça levemente cada camada e após a montagem total das camadas umedeça levemente o material a cada semana no primeiro mês e a cada quinze dias nos dois meses seguintes, quando deverá estar pronto o composto.
O ideal é que o material seja revirado ou remexido a cada quinze dias para a aeração do composto.
É importante que o local seja sombreado e livre da chuva.