Até
a década de 1970, o aumento da produção agrícola brasileira ocorria
exclusivamente em função do aumento de área cultivada, sendo limitada por sua
baixa produtividade. A partir de meados da década de 1970 a agricultura
brasileira iniciou sua trajetória ascendente, especialmente fundamentada em
investimentos em ciência e tecnologia, amplamente incorporadas à produção.
Houve
sim expansão de áreas agrícolas, principalmente no Cerrado brasileiro,
a partir do fim da década de 1970 e, atualmente, na região do MATOPIBA;
entretanto,
esta expansão
foi precedida
do desenvolvimento de tecnologias que permitiram o plantio em seu solo,
especialmente a correção de acidez e o uso de sementes cientificamente
elaboradas para a região.
Há
um crescente desafio para a produção agropecuária, que é atender a crescente
demanda por fibras, energia, alimentos e demais matérias primas, para uma
população que se projeta em cerca de 9,7 bilhões em 2050 e ainda, com
equilíbrio e sustentabilidade ambiental.
O
enfrentamento deste desafio só é possível a partir de maciços investimentos em
pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias; necessário, ainda, que este
conhecimento chegue ao produtor, de todos os portes. O produtor e os demais
elos da cadeia do Agronegócio, devem estar aptos a se manter em um mercado cada
vez mais complexo e com demandas mas intensas qualitativa e quantitativamente.
De
acordo com o documento Visão 2014 – 2034 O Futuro do Desenvolvimento
Tecnológico da Agricultura Brasileira, elaborado pela EMBRAPA (AGROPENSA,
2013), existem determinados eixos temáticos sobre os quais a pesquisa e o
desenvolvimento tecnológico devem se fundamentar: novas ciências (biotecnologia,
geotecnologia e nanotecnologia); agricultura de precisão, tecnologia da
informação (big data) e automação; recursos naturais, mudanças climáticas e
agrometeorologia; segurança zoofitossanitária das cadeias produtivas; segurança
dos alimentos, da nutrição e da saúde;
tecnologia agroindustrial, da química verde e da biomassa; sistemas de
produção, mercados, políticas e desenvolvimento rural. Essência
da economia nacional, estas são as bases da sustentabilidade do Agronegócio
brasileiro.
Efetivamente,
os avanços tecnológicos e científicos se contrapuseram à tese Malthusiana de
que a produção mundial de alimentos crescia em Progressão Aritmética enquanto a
população aumentava em Progressão Geométrica e que, em função desta
discrepância, haveria escassez de alimentos. Também contrapôs as teses
ambientalistas de que, para que houvesse aumento substancial de produção mais
áreas deveriam ser desmatadas.
Definitivamente,
entendam, esta não é uma tese da “bancada ruralista”, considerando-me
um “ambientalista produtivo” acredito fundamentalmente na produção
e nos benefícios que ela traz à sociedade (alimentos; empregos; infraestrutura;
desenvolvimento econômico, social, tecnológico, científico e cultural; divisas
com exportação).
Entretanto,
tenho também a crença essencial de que o alicerce da vida na Terra é o meio
ambiente e que suas alterações e desequilíbrio colocam em xeque não só a
produção agropecuária e industrial, por serem intrinsecamente dependentes dos
recursos naturais, mas a própria vida humana, como a conhecemos. Sou veemente
defensor da interdependência
meio ambiente / agropecuária,
não se produz na agropecuária sem o uso dos recursos naturais, em maior ou
menor intensidade, não se mantém esta produção sem a sustentabilidade
ambiental.
É
nesse caminho que segue a moderna agropecuária brasileira, sistemas de produção
integrados, sustentabilidade, redução de emissões, sistemas de qualidade e
gestão ambiental, entre diversas outras iniciativas que demonstram o cada vez
mais consolidado respeito ao meio ambiente. É importante observar os dados
estatísticos disponíveis, que demonstram efetiva e claramente que o aumento da
produtividade foi o maior responsável pelo incremento na produção e esta
produtividade está diretamente relacionada aos avanços científicos e
tecnológicos envolvendo: novos maquinários mais potentes; agrotóxicos mais
eficientes; fertilizantes mais eficazes; sistemas de produção, armazenamento e
comercialização melhores administrados; bancos de dados gerando informações precisas
fundamentando todo o processo produtivo; melhoramentos genéticos.
Esta
tese é compartilhada também por Nicholas Vidal, em seu livro “Agradeça aos Agrotóxicos por Estar Vivo”
este livro, na verdade é um destruidor de mitos, especialmente os alarmistas,
com sólidos fundamentos em estatísticas oficiais e já exaustivamente debatidas
e aceitas como verdadeiras. Sua teoria central, também a minha, é que o aumento
da produtividade evitou não só a fome, contrariando as teorias de Malthus, mas
também a derrubada de muitas florestas. E esta produtividade só foi alcançada a
partir de uma intensa incorporação de tecnologia ao campo, resultante de um
ambiente de excelência na ciência, como o é, quando se trata do segmento do
Agronegócio, um dos mais dinâmicos do mundo, em função de contínuos
investimentos públicos e privados no setor e de sua necessiade estratégica para
a humanidade.
Vejamos os números:
de acordo com os dados do IBGE,
a área colhida de grãos no Brasil em 1975 era de 32.878.017 hectares,
representando 3,86% do território nacional (considerando a área atual); em
2017, esta área passou a ocupar 61.122.704 hectares, ou 7,18%
da
superfície brasileira. Um incremento de 85,68% na área colhida de grãos no
país. No mesmo período, a produção passou de 39.442.067 toneladas para
242.082.569 toneladas, uma majoração de 513,77%. Deste
modo:
em 1975, a produtividade média da
produção de grãos era de 1.200 toneladas por hectare; em 2017, esta
produtividade alcançou 3.961 toneladas por hectare,
um aumento
de 230,15%.