23 de mai. de 2017

AGRICULTURA EMPRESARIAL / AGRICULTURA FAMILIAR – O AGRO DEVE SER UM SÓ.

Não vejo o Agronegócio segregado entre grandes e pequenos produtores, não entendo esta rivalidade do NÓS e ELES, agricultores familiares e grandes empresários rurais, assentamentos e agroindústria. O Agronegócio é um só, variando em escala, intensidade, modos de gestão e produção, volume do investimento, educação e qualificação de seus empregados e empregadores, destinação de produtos e necessidade de insumos. Não consigo entender que haja “duas agriculturas”, a “do bem e a do mal”. Entendo sim, o AGRO brasileiro, como o conjunto de todas estas atividades, de cunho familiar ou empresarial, latifúndio ou minifúndio, produzindo commodities ou hortaliças, empresa familiar, assentamento regularizado ou grande conglomerado agropecuário ou agroindustrial; tudo é AGRO..., este segmento, onde  pluralidade é a justificativa para injustificados antagonismos, em conjunto, é responsável por um crescimento de 4,48%, entre janeiro e dezembro de 2016, segundo o CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP. Este resultado foi obtido pelo conjunto das atividades do AGRO brasileiro, pequenas propriedades familiares, lotes de assentamentos, agroindústrias, grandes propriedades monocultoras.
A agricultura empresarial é responsável pelo maior superávit na balança comercial brasileira (2016); por gerar divisas para o país; por transformar o campo em um grande parque tecnológico, com inimagináveis avanços científicos; possibilita o acesso da população às carnes, o que seria inviável financeiramente se não fossem as rações derivadas de subprodutos da soja, principalmente, e do milho, produzidos em larga escala, com alto nível de tecnificação; gera energia sustentável, fibras, alimentos diversos; emprega mão de obra extremamente qualificada, remunerada acima da média dos grandes centros; fomenta a inovação tecnológica em diversas áreas do conhecimento, da mecânica à biotecnologia. No mesmo lado, mas atuando de outra forma, a agricultura familiar é responsável, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário (2015), por mais de 70% dos alimentos consumidos no Brasil, garantindo a segurança alimentar da nação; mantendo famílias no campo e gerando diversos empregos diretos.
Neste sentido, segundo a ONU, enfatiza-se que o Brasil é um país com uma das maiores mobilidades sociais rurais do mundo, cabendo destacar, principalmente em nome da integração harmoniosa entre a agricultura empresarial e a familiar, que boa parte daqueles que hoje são grandes empresarios rurais e agroindustriais foram pequenos agricultores familiares que migraram do Sul do país na década de 1970, enfrentando inicialmente dificílimas condições de vida e trabalho no Centro Oeste, abrindo novas fronteiras agrícolas e ganhando escala de produção. Estes migrantes foram os responsáveis pela construção de estradas, pontes, armazéns, hospitais e até cidades. Desenvolveram uma região do país que até então era totalmente desprovida de infraestrutura e desenvolvimento. Hoje, a Região Centro Oeste produz aproximadamente 99,08 milhões de toneladas de grãos (IBGE 2017), representando cerca de 43% da safra nacional, abrigando ainda o maior rebanho bovino do país. É uma região onde se pratica uma agricultura com alto nível de tecnologia e cada vez mais sustentabilidade. Assim, não há antagonismo entre os modos de gestão e produção, há mobilidade, inovação, investimento, educação, qualificação e aplicação de tecnologia. O que importa não é o tamanho da propriedade, mas sua gestão.