Não
vejo o Agronegócio segregado entre grandes e pequenos produtores, não entendo
esta rivalidade do NÓS e ELES, agricultores familiares e grandes empresários
rurais, assentamentos e agroindústria. O Agronegócio é um só, variando em
escala, intensidade, modos de gestão e produção, volume do investimento,
educação e qualificação de seus empregados e empregadores, destinação de
produtos e necessidade de insumos. Não consigo entender que haja “duas
agriculturas”, a “do bem e a do mal”. Entendo
sim, o AGRO brasileiro, como o conjunto de todas estas atividades,
de cunho familiar ou empresarial, latifúndio ou minifúndio, produzindo
commodities ou hortaliças, empresa familiar, assentamento regularizado ou
grande conglomerado agropecuário ou agroindustrial; tudo é AGRO..., este
segmento, onde pluralidade é a justificativa para
injustificados antagonismos, em
conjunto, é responsável por um crescimento
de 4,48%, entre janeiro
e
dezembro de 2016,
segundo o
CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP. Este
resultado foi obtido pelo conjunto das atividades do AGRO brasileiro, pequenas
propriedades familiares, lotes de assentamentos, agroindústrias, grandes
propriedades monocultoras.
A
agricultura empresarial é responsável pelo maior superávit na balança comercial
brasileira (2016); por gerar divisas para o país; por transformar o campo em um
grande parque tecnológico, com inimagináveis avanços científicos; possibilita o
acesso da população às carnes, o que seria inviável financeiramente se não
fossem as rações derivadas de subprodutos da soja, principalmente, e do milho,
produzidos em larga escala, com alto nível de tecnificação; gera energia
sustentável, fibras, alimentos diversos; emprega mão de obra extremamente
qualificada, remunerada acima da média dos grandes centros; fomenta a inovação
tecnológica em diversas áreas do conhecimento, da mecânica à biotecnologia. No
mesmo
lado, mas atuando de outra forma, a agricultura familiar é responsável, segundo
dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário (2015),
por
mais de 70% dos alimentos consumidos no Brasil, garantindo a segurança
alimentar da nação;
mantendo famílias no campo e gerando diversos empregos diretos.
Neste
sentido,
segundo a ONU, enfatiza-se
que o Brasil é um país com uma das maiores mobilidades sociais rurais do mundo,
cabendo destacar, principalmente em nome da integração harmoniosa entre a
agricultura empresarial e a familiar, que boa parte daqueles que hoje são
grandes empresarios rurais e agroindustriais foram pequenos agricultores
familiares que migraram do Sul do país na década de 1970, enfrentando
inicialmente dificílimas condições de vida e trabalho no Centro Oeste, abrindo
novas fronteiras agrícolas e ganhando escala de produção. Estes migrantes foram
os responsáveis pela construção de estradas, pontes, armazéns, hospitais e até
cidades. Desenvolveram uma região do país que até então era totalmente
desprovida de infraestrutura e desenvolvimento. Hoje, a Região Centro Oeste
produz aproximadamente 99,08
milhões
de toneladas de grãos (IBGE 2017), representando cerca de 43%
da
safra nacional, abrigando ainda o maior rebanho bovino do país. É uma região onde
se
pratica uma agricultura com alto nível de tecnologia e cada vez mais
sustentabilidade. Assim, não há antagonismo entre os modos de gestão e
produção, há mobilidade, inovação, investimento, educação, qualificação e
aplicação de tecnologia. O que importa não é o tamanho da propriedade, mas sua
gestão.