Além
de sua importância para a biodiversidade, as abelhas são responsáveis, através
da polinização, por aproximadamente 40% dos alimentos produzidos e consumidos
pela humanidade. O mel não é efetivamente o principal produto produzido pelas
abelhas, pesquisas indicam que seu impacto na biodiversidade e na produção de
alimentos são superiores aos benefícios que se obtém de sua produção melífera.
A
pesquisa
realizada pela ONU – Organização das Nações Unidas envolveu 75 pesquisadores de
diversas nações e apontou que 35% das lavouras e 94% das plantas silvestres são
diretamente dependentes da polinização.
Todavia, apesar de sua vital importância o número de abelhas tem se reduzido de
forma constante desde 1940. Há um fenômeno que se denomina desordem do colapso
das colônias, possivelmente causado pela disseminação do uso de pesticidas e
por parasitas que se instalam nas colônias, o primeiro a enfraquece e o segundo
afeta diretamente o organismo e o sistema respiratório da abelha. Há ainda a
perda de seu habitat, jardins são substituídos por construções e florestas por
monocultura e as abelhas precisam de alimentação diversificada. As alterações
climáticas, as estações do ano menos definidas e oscilações mais intensas de
temperatura, desordenando a época de florescimento, também contribuem para este
cenário.
Estima-se em 218 bilhões de dólares ao ano
o valor do mercado dependente da polinização, se a redução das abelhas se
intensificar países como o Brasil e os Estados Unidos poderão sofrer perdas da
ordem de U$$ 12 bilhões para o primeiro e U$$ 15 bilhões para o segundo. Em
função disto, os EUA lideram as pesquisas e os programas para aumentar, ou
conter a queda, da população de abelhas, inclusive com a restauração de áreas
desmatadas. Pretende-se, ainda, aumentar a população de outros agentes
polinizadores, como a borboleta monarca.
O hemisfério norte, especialmente sua parte
ocidental, onde EUA e Europa se localizam, dependem exclusivamente de uma
espécie de abelha, a Apis
melífera, de modo diferente do Brasil, onde há aproximadamente 250 espécies de
polinizadores, dos quais 87% são abelhas, segundo pesquisa da revista Apidologie,
especializada em apicultura. Na América do Norte, em 1996, havia
aproximadamente 960 milhões de abelhas, número que hoje alcança apenas cerca de
30 milhões. Os esforços governamentais são de aumentar esta população para
próximo de 225 milhões. Na Europa, Paris lidera a campanha para o aumento da
colônias de abelhas, plantando 20.000 novas árvores e criando aproximadamente
300 mil m² de jardins, após a redução de cerca de 100 mil colônias desde 1995
nos arredores da cidade.
Entretanto, por não contar com
estatísticas oficiais, o Brasil não pode mensurar a perda destes agentes
polinizadores e estabelecer políticas que aumentem a população de abelhas no
país. Há indícios que demonstram a redução das abelhas, como a baixa produção
de frutas, flores e alimentos em determinadas regiões onde as plantações
apresentam déficit de polinização.